A Associação Portuguesa de Portadores de Pacemaker e CDI'S não pode deixar de tomar posição, relativamente às notícias que têm surgido na comunicação social, sobre a reutilização de dispositivos implantáveis (Pacemaker e CDI'S). Com efeito, há já algum tempo, que vimos alertando os nossos associados e público em geral, para os malefícios que poderão advir da contenção de despesas na saúde, referindo-nos concretamente à não aquisição do número adequado de dispositivos e bem como a sua reutilização.

Baseamo-nos sobretudo no parecer do Scientific Committee on Emerging and Newly Identified Health Risks (SCENIHR) publicado desde abril de 2010 no site da Comissão Europeia, entidade que nos merece toda a credibilidade científica, sendo que é muito objetiva e rigorosa sobre esta matéria:

 

Existe o risco de contaminação e de infeção durante a utilização de um dispositivo médico de uso único reprocessado, se os procedimentos de limpeza, desinfeção e esterilização não forem adequadamente validados e avaliados;

Os perigos biológicos estão associados com a persistência de contaminação microbiológica ou dificuldade em remover os agentes TSE resultando num risco de infeção após reutilização. Para além disso, a persistência de resíduos químicos após limpeza, desinfeção ou esterilização associam-se ao perigo de reações tóxicas quando da reutilização dos dispositivos reprocessados;

A interação das substâncias químicas usadas nos procedimentos de limpeza, desinfeção e/ou esterilização com os dispositivos médicos podem induzir a alterações das suas características físico-químicas, resultando numa alteração do desempenho previsto.

As alterações promovidas na sua estrutura ou funcionalidade durante o processo de reprocessamento podem originar dano ao doente ou ao profissional de saúde devido à falência mecânica do dispositivo e à contaminação biológica ou química.

Considerando os aspetos apresentados, o parecer do SCENIHR conclui que:
Nem todos os dispositivos médicos de uso único são passíveis de serem reprocessados, considerando as suas características e complexidade. A possibilidade de reprocessamento depende dos materiais utilizados na sua constituição e da geometria do dispositivo médico. De forma a identificar e a reduzir os perigos potenciais associados com o reprocessamento de um determinado dispositivo de uso único, todo o ciclo de reprocessamento, desde a recolha do dispositivo após primeira utilização até à esterilização final e entrega aos utilizadores, incluindo o desempenho funcional, necessitam de ser validados e avaliados.

Assim, consideramos a reutilização destes aparelhos uma medida descabida e perigosa, com graves consequências para a Saúde Publica e com a qual não podemos de todo concordar. Não podemos deixar de reafirmar que está em curso um retrocesso enorme dos direitos dos atuais e futuros portadores de Pacemaker e CDI'S.

Os nossos governantes saberão por certo onde poupar sem tocar naquilo que é intocável: a excelência dos serviços de saúde praticados em Portugal.

A Direção Nacional da APPPC.


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